NÁUTICO - ALGUÉM VAI SER PUNIDO

Tragédia pode ser a primeira envolvendo organizadas que não ficará impune

Veronaldo Silvino da Silva

Outras ocorrências graves envolvendo confronto das torcidas no Recife caíram no esquecimento, sem ninguém ser responsabilizado por suas consequências

O tiro que atingiu o torcedor do Náutico Lucas de Freitas Lyra, 19 anos - que segue internado em estado grave no Hospital da Restauração -, pode ser a primeira tragédia do futebol pernambucano que não terminará impune. Na manhã desta terça-feira, a Polícia Civil prendeu, em Nova Descoberta, o suspeito de efetuar o disparo. A expectativa é que ele seja apresentado à imprensa nesta tarde.

De fato, as prisões de torcedores no estado sempre decorreram de delitos menos graves, como depredações e perturbação da ordem. Isso desde a ocorrência mais grave, registrada em 18 de março de 2001. Na época, uma briga entre torcedores da Jovem e Fanáutico resultou na morte de Daniel Ramos da Silva, 17 anos. Ele foi atingido por dois tiros, um no peito, outro na cabeça. O autor dos disparos nunca foram identificados.

Outro caso grave aconteceu em 2007, quando Veronaldo Silvino da Silva foi atingido por um bloco de concreto lançado do anel superior do Arruda enquanto passava pela av. Professor José dos Anjos. Ele sobreviveu à tragédia, mas com sequelas irreversíveis - não tem movimentos, não fala e respira com o auxílio de aparelhos. Ninguém foi responsabilizado pelo fato.

Houve ainda, no ano passado, a morte de duas pessoas após um clássico entre Sport e Santa Cruz. Nas imediações da Ponte Duarte Coelho, as organizadas dos dois clubes entraram em confronto. Uma mulher de 19 anos, que vestia a camisa do Sport, morreu. O caso foi tratado como um mal súbito. No mesmo dia, outro jovem da mesma idade, com a camisa do Santa Cruz, faleceu após ser atropelado nas proximidades do Parque 13 de Maio. Informações de testemunha dizem que ele fugia de uma briga quando foi atropelado por um ônibus.

Diario de Pernambuco