Estádio e bolsos vazios no Arruda
Longe das séries A e B há cinco anos, clube amarga um prejuízo milionário
Mais uma vez o ano do Santa Cruz termina mais cedo, dois meses antes dos principais clubes do país. Calendários enxutos que vêm marcando a vida do clube coral desde 2008, quando disputou a Terceira Divisão pela primeira vez. No ano que vem, a sexta temporada desta forma, acarretando em um prejuízo milionário, que escancara de vez a estrutura do Campeonato Brasileiro, viável economicamente para apenas quarenta clubes, os participantes das Séries A e B.
Voltando ao bicampeão estadual, com as atividades recém-encerradas, o rombo apenas com a renda das arquibancadas deve chegar a quase R$ 17 milhões, considerando somente o borderô das partidas que não foram realizadas no estádio do Arruda pelo campeonato nacional desde 2008 e já com a projeção de 2013. Numa conta mais amena, com uma média de público de 15 mil torcedores nos 75 jogos que não existiram no Mundão, com um ingresso a R$ 15 (padrão atual), o faturamente no período seria acrescido de R$ 16.875.000.
Dá para apontar esse dado como a expecativa mínima, pois o Tricolor teve índices altíssimos nessas divisões inferiores, como 36 mil pagantes na campanha do acesso na Série D e 24.289 neste ano. Além disso, as receitas tidas como “indiretas”, como valorização da marca – aumentando a atração de patrocinadores – e número de sócios em dia.
A falta de visibilidade dentro da arquibancada se estende fora dela. Na desastrosa participação na Série C, o Santa Cruz só teve quatro jogos exibidos na televisão, todos na TV por assinatura. Todos os times nas Séries A e B disputam 38 jogos por ano no Campeonato Brasileiro, 100% deles televisionados.
Da primeira participação na Série C, passando pelos três anos na Série D e novamente no terceiro escalão, o Tricolor jogará, contando 2013, apenas 78 partidas. Se alcançar a decisão da Terceirona do ano que vem, o número subiria para 84. Os rivais Náutico e Sport, oscilando nas duas principais séries, jogarão no mesmo período 228 jogos. Uma diferença brutal.
A longo prazo, o clube coral terá feito apenas 34,2% dos jogos possíveis para a turma de cima. E poderia ter sido pior. Somando apenas os jogos da fase classificatória das competições neste período, a quantidade não passaria de 62, ou 27%. É ou não é um verdadeiro “se vire nos 30?”. O futebol brasileiro não pode ser estruturado para apenas 40 clubes. Um clube de futebol profissional não pode ser sazonal. Muito menos uma agremiação do tamanho do Santa Cruz.
Diario de Pernambuco
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