O adeus de um ídolo
Hoje deputado federal, Acelino ?Popó? Freitas se despede dos ringues, em evento cercado de provocações
JC Online
Em um roteiro quase que hollywoodiano, o pugilista baiano Acelino “Popó” Freitas, de 36 anos, decidiu calçar as luvas e subir no ringue novamente depois de cinco anos de aposentadoria para a sua última luta. O maior nome da história do boxe brasileiro após a Era Eder Jofre aceitou o desafio feito por uma das principais promessas do pugilismo nacional, o paulista Michael Oliveira, de 22 anos. O duelo acontece no sábado (2/5), a partir das 23h (horário do Recife), no Casino Conrad, em Punta Del Leste, no Uruguai.
O enredo é bem parecido ao do último filme da série norte-americana Rocky (Rocky Balboa, lançado em 2006). Aposentado dos ringues assim como Popó, o personagem de Sylvester Stallone aceita o desafio do então dono do cinturão dos pesos pesados para uma luta que colocaria fim às discussões dos fãs e da imprensa de quem dos dois era o melhor: o campeão do presente ou do passado? Fisicamente inferior por conta da idade, Rocky perde nos pontos, mas sai de cena ovacionado pelos torcedores que ainda idolatravam o seu passado glorioso.
Aos 36 anos, Popó garante que o seu fim será diferente. O baiano diz não ter dúvidas de que vai vencer o atual campeão latino dos pesos médios do Conselho Mundial de Boxe, apesar de ser 14 anos mais velho. “Estou certo de que o fim não será sequer parecido. Ele (Michael) é um chato, um nojento. Não vou errar um soco na cara dele”, disse o baiano “arretado”, mostrando que não perdeu o dom de provocar os adversários antes das lutas. “Michael falou demais e agora receberá o castigo merecido. Quero machucá-lo antes do nocaute”, completou.
Quatro vezes campeão mundial de boxe – três pela WBO (Organização Mundial de Boxe) e um pela WBA (Associação Mundial de Boxe) –, Popó estava aposentado dos ringues desde abril de 2007, quando perdeu o cinturão dos leves da WBA para o norte-americano Juan Diaz. No ano passado, deu início ao seu primeiro mandato como deputado federal. “Boxe é igual a andar de bicicleta: quem aprendeu não esquece jamais. Estou muito bem treinado e vou fazer bonito. Vai ser um adeus em grande estilo.”
Apesar de dizer que está “voando” nos treinos, é visível que Popó está longe de sua melhor forma física. O baiano iniciou a preparação para esta luta no fim do ano passado, em Brasília – divide o tempo com o trabalho na Câmara dos Deputados –, mas segue gordinho. Reside aí um grande problema para o ex-campeão, principalmente porque Michael Oliveira tem qualidade e um preparo físico invejável. “Ele não é tão bom quanto falam. É bem possível que nem apareça para a luta com medo de levar uma surra”, disparou Popó.
Dono de um cartel invicto de 17 lutas, sendo 12 por nocaute, Michael Oliveira aproveitou que Popó queria fazer uma luta de despedida para fazer o desafio. O baiano não aceitou de bate-pronto. Por isso, o paulista radicado em Miami (EUA) deu início a uma série de provocações. “Michael é um garoto que tem alguns títulos, mas ainda é um desconhecido dos fãs brasileiros. Ele precisa de mídia para ser conhecido e conseguiu isso me desafiando. Vou nocautear esse garoto que quer aparecer às minhas custas”, disse.
Há quase dois anos, Popó amadurecia a ideia de fazer uma luta de despedida. Isso porque o filho caçula, Popozinho, queria ter a chance de vê-lo em ação ao vivo pelo menos uma vez. “Agora chega de falar. O que tenho para dizer é em cima do ringue. Estou preparado para lutar os dez rounds, mas tenho certeza de que, se a mão entrar, já era. Nocaute”, sentenciou Popó.
Nenhum comentário:
Postar um comentário