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quarta-feira, 2 de maio de 2012

SANTA CRUZ -CAMPEÃO DE 86


ZÉ NEVES APRONTOU NA ILHA DO RETIRO EM 1986
Bandeira coral fincada na Ilha em 86 (Arquivo/DP)
Cassio Zirpoli Diario de Pernambuco
Aristóteles Cantalice apita o fim da partida, em 10 de agosto de 1986. Estava decretado o campeão pernambucano daquele ano, na Ilha do Retiro. Festa dos visitantes corais.
Enquanto Zé do Carmo, Birigüi e Marlon corriam para a torcida, na geral do placar, o jovem presidente coral andava na direção contrária. Zé Neves ainda tentava se dar conta de que a glória era real, até que foi chamado por um torcedor no alambrado…
Se aproximou e recebeu uma enorme bandeira do clube. Tentou tremular a bandeira. Não conseguiu. Era bem pesada. Ele começou, então, a caminhar pelo campo. Sem destino. Até que percebeu que os 37 mil presentes no estádios silenciaram, na expectativa daquela inusitada ação, já próxima ao meio-campo. Zé relembrou a história ao blog.
“Não foi premeditado. Não tinha como ser, pois ninguém esperava aquilo. Quando peguei a bandeira e vi que era muito pesada, pensei: ‘o que vou fazer com essa bandeira aqui?’. Aí, eu lembrei dos filmes de guerra, quando os soldados conquistavam territórios fincando a bandeira. Peguei a bandeira e fui levando, num trote leve. Quando percebi o silêncio das torcidas não teve jeito. Vi a bolinha do centro do gramado. Finquei a bandeira ali. A minha torcida foi ao delírio. Foi muita revolta do outro lado (rubro-negros), mas sem confusão alguma, rapaz. Eram outros tempos.”
A lembrança de Zé Neves volta à tona pois Santa Cruz e Sport voltam a decidir o título na casa leonina. A Cobra Coral tentará o bi 25 anos depois. Sim, em 1987 a taça também foi conquistada na Ilha. O episódio se repetiu? A segurança estava reforçada.
“Hoje em dia eu não consigo imaginar ninguém fazendo aquilo, por causa da violência nas arquibancadas. Teve até gente que tentou, como Carlinhos Bala, pelo Sport, em 2007, mas a Polícia Militar não deixou. A PM ficou ligada. Em 1987, quando o Santa foi campeão lá dentro de novo, foi só eu colocar a cabeça no túnel do vestiário para chegar coronel avisando: ‘Hoje não, Zé! Pelo amor de Deus, sem confusão’”.
A história já estava feita, Zé. Fora o apelido dado pelos corais ao estádio rival…
Sem dúvida alguma, um dos capítulos mais polêmicos da história do nosso futebol.

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