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quarta-feira, 25 de abril de 2012

NÁUTICO - ROUPA SUJA LAVADA NA RUA


Ex-diretor em 2011, Homem de Melo faz revelações e critica atual gestão do Timbu

Daniel Leal/DP/DA Press

Excluído da diretoria atual, ele afirma: "O time que eu tinha era mais barato e melhor do que esse mais caro. Antes, a folha era de R$ 498 mil (a atual passa de R$ 1 milhão)"

 Diario de Pernambuco

Aos 43 anos, o empresário Alexandre Homem de Melo levou para a vida muita coisa que aprendeu na época em que foi militar. Inclusive duas balas alojadas na cabeça, que costuma mostrar com orgulho. É uma pessoa prática, sem meias palavras, que não abre mão do confronto, quando necessário. Antes de tudo, porém, um apaixonado por futebol e pelo Náutico. Uma herança de família. "Meu bisavô era alvirrubro, meu avô era alvirrubro, todo mundo na minha família é alvirrubro", conta. Tão apaixonado que resolveu contribuir para o clube. Tornou-se dirigente e em pouco tempo era o homem forte do futebol alvirrubro. Fez amizade com a maior parte do elenco e, principalmente, com o ex-técnico Waldemar Lemos. Em 2011, foi um dos condutores da campanha que levou o Timbu de volta à Série A. Deixou a direção de futebol no final do ano passado, segundo ele, "por acreditar no futebol de uma maneira diferente". Profundo conhecedor dos bastidores alvirrubros, contou na entrevista a seguir detalhes da trajetória do time em 2011 e sobre o início do planejamento para este ano. Coisas importantes, que podem fazer a diferenças no resto do ano. Confira:

A que se deu a sua saída do Náutico?
Não é pessoal. É filosofia de trabalho. Eu acredito em um futebol diferente. A médio e longo prazo. Não cedo a pressão. Não sei porque esse alvoroço todo hoje no Náutico. Passei muito pior na Série B, pressão da imprensa e da torcida por jogadores. Isso com o clube sem dinheiro. A diferença que eu tenho com alguns outros diretores de lá são só de pensamentos. Isso não quer dizer que eu esteja certo ou errado. O motivo de eu sair é que com a filosofia que seria posta, eu não estava de acordo.

A situação financeira do Náutico hoje é melhor do que a do ano passado?
Eu diria a você, sem medo de erra, no mínimo 400% melhor. Só de passar da Série A já é outra realidade. Nosso faturamento do ano passado não chegou a R$ 10 milhões. Este ano, pelo que vi através da imprensa, está girando em torno de R$ 40 milhões. E vale salientar que o Náutico ainda está sem o patrocinador master. Mas isso não quer dizer nada. Ano passado, quando ficamos só, praticamente eu, Berillo e Eduardo Moraes, que ajudou muito na parte administrativa, eu troquei privada, chegamos a lavar roupa do jogador, e nada disso chegou a atrapalhar a gente. O time que eu tinha era mais barato e melhor do que esse mais caro. Antes, a folha era de R$ 498 mil (a atual do Timbu passa de R$ 1 milhão).

Há um racha da diretoria atual?
Se está havendo ou não, eu vi até o Twitter do André Campos (ex-presidente) afirmando isso, mas eu não tenho provas. O racha pior que eu acho é o que houve com a comissão técnica. Como você contrata 12, 15 jogadores onde o técnico não participou. Futebol tem que haver uma sincronia.

_Então, Waldemar Lemos não participou das contratações no clube?
Em poucas. Ele trouxe Dorielton, que ele conhecia da base do Fluminense. Rodrigo Tiuí, ele foi consultado e aprovou já que o problema do Náutico era mais focado no ataque. Souza ele participou e Marquinhos ele não indicou, mas também aprovou. Muitas vezes, ele ficou sabendo de atletas quando estavam contratados. Desmancharam a nossa base. Qual era o ponto forte desse Náutico de 2011? O grupo. A defesa era a menos vazada e tínhamos um ataque de Série A. Não renovaram com quem Waldemar pediu, alguns ficaram caro, mas a gente quebrou. Os jogadores que vieram alguns encaixaram e outros ainda podem encaixar. Não estou entrando no mérito técnico de cada um desses novos atletas, ou se eles são melhores ou piores dos que estavam no ano passado.

Você participou diretamente da negociação com Kieza. O que deu errado?
Renovamos com Marlon e com Waldemar no Rio de Janeiro. Quando eu voltei, mesmo já não estando no Náutico, fui pedido para ajudar, pela aproximação que eu tenho com Kieza. Tratamos disso em duas fases. Primeiro, com o jogador. Antes, gostaria de dizer: Kieza foi mais Náutico do que muita gente que diz que é Náutico. Ele fez uma proposta "X" e depois do nosso pedido, reduziu o valor em 20% de cara. Em seguida, a diretoria pediu e nós conseguimos fazer com que Kieza fizesse uma baixa de 42% para ficar no clube, até porque Waldemar já tinha acertado ficar. Vale lembrar que na mão do treinador, ele teve um crescimento de produção. Kieza fez uma coisa que nenhum jogador faz. Foi ao Cruzeiro e pediu para voltar para o Náutico. Ele se expôs. Disse: "Por favor, me emprestem." O Cruzeiro não abriu mão. Fizemos uma reunião, refizemos uma proposta de salário e os empresários do atacante reduziram as luvas em 30%. Igor Albuquerque (empresário), inclusive, cedeu a comissão que iria receber porque apostavam nele no Náutico. Só que aí chegou a outra parte da negociação, que seria diretamente entre o Náutico e o Cruzeiro. Aí, eu já não participei porque eu não era mais diretor. Ficou a cargo do presidente e eu não sei mais o porquê de não ter vingado a negociação.

Você pode revelar os valores do passe de Kieza?
Inicialmente eles pediram R$ 3,2 milhões e no fim caiu para R$ 1,8 milhão.

Você tem desejo de retornar ao clube?
A gente nunca pode dizer que dessa água não beberei. Mas o que me preocupa no futebol pernambucano, e isso não é uma crítica a ninguém, é a falta de um pensamento "macro". Temos que ter base, investimento. O Cruzeiro teve isso e virou um grande time do continente, assim como o Internacional. "Ah, é muito fácil com dinheiro" Não é assim. Toda vez que o Náutico teve dinheiro se desarrumou. Você tem que ter pessoas capacitadas e super bem treinadas para tomar conta do seu patrimônio. Se mudassem toda a filosofia do clube, eu voltaria, sim.

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