Waldemar Lemos revela histórias inimagináveis para quem o conhece
Waldemar chegou a ser jogador de futebol pelo
Vasco (Foto: Elton de Castro / GloboEsporte.com)
Vasco (Foto: Elton de Castro / GloboEsporte.com)
Numa conversa com o assunto futebol proibido, técnico do Náutico fala sobre infância, amor e revela até conflito com o Governo Brizola
Para quem acompanha a rotina do Náutico, imaginar o técnico Waldemar Lemos com uma figura agitada é praticamente impossível. Com o apito na mão, nas entrevistas, o treinador preza sempre por manter uma fala pausada, e não costuma perder a calma nem quando seus atletas cometem vários erros. No entanto, antes de tornar-se profissional do futebol, o comandante alvirrubro colecionou várias histórias inimagináveis para quem o vê hoje em dia.
Waldemar Lemos contou um pouco da sua infância, no subúrbio do Rio de Janeiro, revelou uma paixão pelo jazz e surpreendeu ao afirmar que já foi um ativista social, que lutava pela melhoria do seu bairro. Em uma conversa onde o único assunto proibido era o futebol, o treinador revelou-se uma pessoa extremamente divertida.
A infância em Realengo
Se atualmente Waldemar Lemos passa a imagem de tranquilidade, quando criança a situação não era bem essa. Nascido no Rio de Janeiro, o treinador foi criado no bairro de Realengo, subúrbio carioca. Lá, o técnico costumava se divertir com irmãos e amigos nas ruas em volta de sua casa. Apesar de afirmar que não era uma criança muito calma, o comandante alvirrubro disse que deu muito trabalho para sua mãe, Dona Santinha.
- Não era muito calmo, não. Fui criando em Realengo, e tive uma infância maravilhosa. Brincávamos na rua, tínhamos liberdade. Na minha casa, era todo mundo da rua, a única obrigação era fazer os trabalhos da escola, depois saíamos para brincar. Dava um pouco de trabalho, mas era de época.
Apesar de disciplinado na escola, Waldemar não fazia o estilo estudioso. A forma utilizada para passar as matérias tiravam o interesse do treinador, que ainda na adolescência já mostrava o seu compromisso com o respeito - uma de suas expressões favoritas. Ainda na escola, o treinador confessou que teria burlado um trabalho só para confrontar a professora.
- Não gostava muito de química, mas era pela forma que era passada. Antigamente era muita decoreba, não sei como é hoje, mas na minha época era muito chato. As professoras mandavam você fazer um trabalho, daqueles que a gente tinha que pegar uma cartolina e tudo mais, e eu tirava nota baixa porque eu mesmo que fazia, os outros eram feitos pelos pais. Aí, a professora pediu para fazer um filtro de decantação e meu avô era carpinteiro. Aí, pedi para ele fazer o meu. Claro que ele deu um show e eu tirei 10. Não tive duvidas, fui até a professora e perguntei: eu tirei 10? Meu avô é carpinteiro e fez meu trabalho, aí e você me da 10. Você da 10 para todo mundo. Nunca gostei de mentira, desde pequeno.
O primeiro amor
O primeiro amor
Com a adolescência, surgiram as primeiras paqueras, mas apesar de afirmar que nunca fez feio com as mulheres, Waldemar Lemos revelou que não foi mulherengo.
- Nunca fui mulherengo, não. Era normal. Mas sempre gostei de manter o nível elevado - brincou.
Foi com esse “controle de qualidade” que aos 16 anos Waldemar conheceu aquela que seria a sua companheira até hoje. Aos 15 anos, a jovem Carmem chamou a atenção do treinador, que não teve dúvidas ao tentar conquistar a moça. A tentativa deu certo e o namoro, que durou seis anos, gerou um casamento, com direito a dois filhos e um neto.
- Conheci a Carmem em Realengo. Gostei dela, nós nos namoramos por seis anos e casamos depois. Crescemos juntos, vivemos juntos e construímos uma família linda.
Frustração com futebol e o sonho de ser projetista
Frustração com futebol e o sonho de ser projetista
Formado em educação física e com doutorado em futebol, Waldemar Lemos até chegou a atuar como jogador. Nos anos 70, o alvirrubro chegou a ser capitão do Vasco da Gama, com Roberto Dinamite no elenco. Porém, as decepções com os bastidores o fizeram desistir da carreira para frustração do seu pai.
- Eu fui atleta, joguei futebol na década de 70. Cheguei a ser capitão do Vasco, quando o Roberto Dinamite estava começando, mas me decepcionei com algumas coisas e decidi parar. Aí, fui estudar na escola técnica. Comecei no curso de mecânica e tinha o sonho de fazer um projeto de um carro. Esse era meu sonho.
Waldemar Lemos a serviço do bairro
Waldemar Lemos a serviço do bairro
Ao observarmos a personalidade do treinador do Náutico, não se pode imaginar que o sempre calmo Waldemar já se meteu em confusão com algum governante por conta de uma campo de futebol. No entanto, nos tempos em que morava no Rio de Janeiro, o técnico foi protagonista de uma disputa entre os moradores do bairro e o governo Brizola.
- Como eu morei no Realengo e fiz minha família lá, casei com uma menina que também nasceu lá e pensava que o mesmo pudesse acontecer com meus filhos. Por isso, me dedicava para melhorar o bairro. Criamos vários projetos para melhoria do bairro, melhorávamos a educação através do esporte. Tínhamos projeto que incluía as crianças, isso muito antes de existir esse negócio de ONG. Aí, como eu sabia fazer projeto, fizemos um para construção de uma campo, com vestiário e um parque. Mas o governo queria construir um campinho vagabundo. Quando as maquinas foram começar a obra, nós nos metemos na frente das máquinas e impedimos a obra. Aí, mostramos o projeto e dissemos que eles teriam que fazer o nosso. Deu certo, eles fizeram um campo muito legal que ainda hoje existe.
A desilusão com a política
A desilusão com a política
Politizado desde a adolescência, Waldemar Lemos nunca foi filiado a nenhum partido. Porém, acompanhou de perto o nascimento do Partido dos Trabalhadores (PT). No entanto, uma decepção com um governo de esquerda tirou totalmente o seu apreço pela política.
- Quando eu entrei para escola técnica acompanhava o PT, gostava das ideias. Mas quando o Brizola assumiu lá no Rio, foi uma grande decepção. Meu bairro, que era lindo, passou a ter muita invasão, a violência aumentou muito. O Rio de Janeiro acabou e aquilo me entristeceu bastante. Aí perdi o gosto pela política. Porque as pessoas mentem muito, só conversam e não atuam.
Do jazz ao frevo, para Waldemar Lemos, o importante é o momento
Quando não está trabalhando, o Waldemar gosta de relaxar ouvindo uma boa música ou assistindo um filme. Entre os ritmos favoritos o Jazz e a MPB. Porém, apesar da linha zen, o treinador não descarta uma participação no Carnaval. Na opinião do técnico, o importante é saber respeitar o momento.
- Gosto muito de música. Um bom Jazz, uma MPB eu gosto muito. Gosto de assistir filmes, sempre vou ao cinema quando posso, mas também gosto de Carnaval. Não conheço o de Pernambuco, mas acredito que seja muito bom. Tudo depende do momento, e de saber respeitar aquele
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