Adriano chega sorrindo à delegacia e diz que sua inocência será provada
Adriano é cercado pela imprensa na chegada à
delegacia (Foto: Agência Estado)
delegacia (Foto: Agência Estado)
Atacante afirma que não vai mais pagar o tratamento de Adriene Cyrillo Pinto, atingida na mão por um tiro acidental: 'Ela não tem caráter'
O atacante Adriano prestou depoimento na 16ª DP, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, no fim da tarde desta segunda-feira. O jogador do Corinthians chegou sorrindo e conversou com a imprensa em uma sala apertada. Ele confirmou sua versão de que não foi o autor do disparo e que os exames para detectar a presença de pólvora na mão vão confirmar que ele está dizendo a verdade.
- A arma estava entre os bancos. Ela pegou e disparou acidentalmente. Depois do barulho, nos abaixamos. No momento, ela não sentiu nada. Mas com certeza pegou a arma. Os exames vão sair, e será comprovado que não estou mentindo. Cabe a vocês acreditarem ou não. Quando as coisas acontecem com o Adriano, a repercussão é sempre maior.
Adriano deixou a delegacia às 20h10m, duas horas e 15 minutos após a sua chegada, e afirmou que o depoimento "foi tranquilo". Contou que no sábado foi a primeira vez que viu Adriene Cyrillo Pinto, apresentada a ele por um amigo que estava em uma casa noturna. E afirmou que não vai mais pagar pelo tratamento da jovem, que levou um tiro acidental na mão esquerda no carro do atacante:
Conheci ela a partir de um amigo que estava na boate. Foi a primeira vez que a vi. O que ela está fazendo não é justo, não tem caráter. Eu ia ajudar, visitar e pagar o tratamento, mas não farei mais. Não tem cabimento fazer isso para uma pessoa que está fazendo isso comigo. Tirei até a minha camisa para ajudá-la. Sou uma pessoa pública, fiquei preocupado com ela e com minha imagem. Mas não vou tentar prejudicá-la, espero que se recupere.
O jogador comentou também sobre o Corinthians, afirmando que o seu clube está dando apoio.
- Não falaram nada em rescindir o meu contrato. O Corinthians sempre me deu apoio.
Delegado diz que alguém está mentindo e vê discurso coerente de Adriano
O delegado Fernando Reis contou que Adriene está envolvida em outros três processos como vítima - de lesão corporal, saidinha de banco e ameaça - e alertou sobre a pena no caso de ela estar mentindo.
Ela diz que o Adriano passou a arma para ela, e ele diz que ela pegou. Se for provado que é mentira dela, configura-se denunciação caluniosa, o que é sério. Então ela que pense duas vezes, porque a pena é de dois a oito anos de prisão. Mesmo ela estando envolvendo nesses três processos, não há nada que me prove de que ela é uma golpista - avisou.
Depois do depoimento de Adriano, que durou aproximadamente uma hora e 45 minutos, Fernando Reis não descartou a possibilidade de o atleta ter mentido, mas garantiu ter ouvido um discurso muito parecido com o utilizado durante a entrevista coletiva.
- Além de ter ratificado o primeiro relato dele, passou alguns pontos que ficarão guardados de maneira sigilosa, que serão utilizados como objeto de acareação. Caso eu os divulgue agora, as outras partes envolvidas ficarão sabendo de tudo. O depoimento dele foi bem coerente com o que ele disse para vocês. Agora buscamos outros depoimentos para saber onde está a contradição. Alguém está mentindo - garantiu Reis.
Se Adriano for a parte que está faltando com a verdade, ele responderá pelo crime de fraude processual. Isto pode lhe render dois ou três anos de cadeia.
- Isso pode fazer com que se dispare um inquérito, algo muito grave também - disse Reis.
'O Adriano é o personagem perfeito'
O delegado Fernando Reis ainda destacou uma grande preocupação que tem no caso: impedir qualquer tipo de preconceito com Adriano ou Adriene Cyrillo Pinto:
- Não queremos qualquer tipo de preconceito. O Adriano é o personagem perfeito para o roteiro, por sempre estar envolvido. O fato de estar envolvida na qualidade de vítima em processos de lesão corporal, ameaça e saidinha de banco também não a classifica como uma golpista.
Placar que não diz nada
Embora somente Adriene tenha dito que Adriano não estava no banco do carona, posição oposta à tomada pelos outros cinco ocupantes do carro, segundo Fernando Reis, isso não lhe ajuda a chegar mais perto de uma resposta.
- O ponto mais eloquente é o seguinte: as outras amigas do Adriano falam que ele estava no banco do carona, somente a vítima discorda. Apesar do placar, isso em nada nos favorece. Não podemos tirar conclusões só com base nisso - insistiu.
A acareação entre o jogador e Adriene será feita provavelmente na quarta-feira, o que ainda depende de a jovem ter alta médica. Ela será submetida a uma cirurgia na mão nesta terça-feira.
A versão do Imperador sobre o ocorrido foi confirmada por outras três testemunhas. A perícia já concluiu que o tiro foi dado do banco traseiro. A arma pertence ao PM reformado Júlio César Barros, amigo de Adriano, que dirigia o veículo. Segundo Fernando Reis, Júlio César foi negligente e terá de responder por isso. Outros amigos do Imperador contaram ao que o atleta se preocupou em não ocultar provas.
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