Eusébio reclama de jogo sujo
de Pelé
e diz que Mané, 'paralítico', foi
melhor
Exaltado, português causa polêmica em reunião de craques na Soccerex e acaba confrontado por jornalista conterrâneo. Argentino também surpreende
Tinha tudo para ser um encontro amigável e de pura nostalgia. E nada disso faltou quando o português Eusébio, o inglês Bobby Robson, o brasileiro Carlos Alberto Torres, o argentino Ardilles e o holandês Ruud Gullit dividiram a mesa na tarde desta terça-feira, a convite da Soccerex, feira de negócios do futebol que acontece no Forte de Copacabana, no Rio. Mas o craque luso roubou a cena na reta final quando lamentou as atitudes de Pelé em campo contra os zagueiros e ainda disse que Garrincha, "paralítico" foi o melhor jogador do país em todos os tempos.
O assunto eram as conquistas mundiais da Seleção entre 1958 e 1970 - a última capiteanada por Torres, autor do quarto gol sobre a Itália, na final. E a decepção canarinho, nesse meio tempo, ocorreu em 1966, justamente contra Portugal. Os europeus sempre foram acusados de terem sido violentos e, assim, machucado ainda mais um Pelé à meia-bomba. E Eusébio rebateu com relatos de episódios anteriores no confronto entre os países.
- Fiquei triste com Pelé, porque não esperava que batesse até no rosto dos zagueiros portugueses (em duelo pela Copa das Nações, em 1964). Vocês não lembram das maldades dele, não é? Não se pode reclamar. Para levar vantagem, Pelé era muito violento às vezes. Não tiro seu valor nem sua categoria. E sou até mais amigo dele do que ele é de mim, se você quer saber. Cheguei a dizer para ele no jogo: "Ô, Pelé, pelo amor de Deus! Não há Cassius Clay aqui (o legendário boxeador, também conhecido como Mohammed Ali) - contou Eusébio, arrancando risadas constragidas de muitos, mas claramente usando um tom sério.
Aproveitando o gancho da discussão precedente sobre a comparação entre craques do passado e do presente, o português levantou outra questão. Novamente, sem papas na língua.
- E ainda digo o seguinte: houve um brasileiro melhor do que Pelé. Era Garrincha. Tinha a perna torta assim (indicando com o braço), e outra esticada normal. Como podia fazer aquilo tudo com essas dificuldade? Era um paralítico! E como jogou bola... Muito melhor do que todos nós. Mas como Garrincha era do povo, gostava de outra bebida que não era exatamente a água, ficou marginalizado - lamentou.
No fim, um jornalista português tomou a palavra para uma pergunta e resolveu atacar o próprio Eusébio. Ele disse que o ex-jogador não se destacou mais na carreira por conta de seu "fim melancólico, tomando diversas infiltrações para atuar pelo Benfica". O tom do conterrâneo deixou Eusébio cabisbaixo e calado. Em seguida, a organização do evento desligou o microfone do repórter, que se disse fã do futebol brasileiro e atrasou o debate por cerca de 10 minutos.
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